terça-feira, 19 de junho de 2012

Gerente do BNB aprovou 280 empréstimos ilegais em Jaguaribe



Taxistas, frentistas e professores municipais da região do Jaguaribe, no Ceará, receberam ilegalmente empréstimos do Pronaf. O programa é destinado a produtores rurais de baixa renda
Um depoimento de um gerente do Banco do Nordeste (BNB) à Polícia Federal, em Fortaleza, revela que pelo menos 280 empréstimos com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram fraudados na agência de Limoeiro do Norte.
De acordo com o servidor, o benefício vinha sendo liberado indevidamente pelo ex-gerente geral da unidade para clientes que não eram produtores rurais de baixa renda e, consequentemente, não tinham direito ao crédito. A PF e uma auditoria interna comprovaram que “motoqueiros, frentistas, professores municipais e taxistas” receberam ilegalmente os recursos públicos. O POVO apurou que banco teria sido lesado em mais de R$ 80 milhões entre 2010 e 2011.

As fraudes, segundo detalhou o gerente, eram feitas com a utilização indevida da senha dele e dos códigos de acesso de dois servidores do BNB. A ilegalidade era autorizada pelo ex-gerente geral da agência de Limoeiro do Norte. No esquema trabalhavam também uma funcionária contratada pelo banco, três terceirizados e dois gerentes de negócios.

As senhas para a “contratação e liberação” dos financiamentos ilegais do Pronaf chegaram a ser utilizadas também durante “finais de semana e férias” do gerente que denunciou o crime. O trabalho extra, durante os sábados e domingos, foi adotado pelo ex-gerente geral de Limoeiro do Norte por causa “do grande volume de projetos que passaram a chegar na agência”, diz o denunciante em depoimento.

Para as fraudes se viabilizarem, vários procedimentos obrigatórios burocráticos foram violados pelo ex-gerente geral do BNB em Limoeiro do Norte. Na maior parte dos pedidos de financiamento, segundo o gerente denunciante, não foi exigida a presença de quem pleiteava o crédito na agência bancária. Bastava os “sindicatos dos trabalhadores rurais e sindicato dos trabalhadores da agricultura familiar o município de Tabuleiro (do Norte) e de outros (municípios)” arregimentarem os falsos clientes.

As propostas “eram levadas aos pacotes” e sempre por dois projetistas que representavam os sindicatos denunciados na região do Jaguaribe. E, muitas vezes, na companhia do “vice-prefeito de Tabuleiro do Norte”. De acordo com o gerente, “eram caixas de projetos feitos para beneficiar público que não era alvo do Pronaf”, garantiu em depoimento. O ex-gerente da agência de Limoeiro do Norte também aprovou projetos de financiamentos que apresentavam assinaturas falsas.

O POVO apurou que o desvio do dinheiro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar também está comprovado nos municípios de Jaguaribe (que teria esquema com a agência Bezerra de Menezes, em Fortaleza), Quixadá, Baturité, Brejo Santo, Iguatu, Russas, Morada Nova, Quixeré e Iracema.

O POVO entrou em contato com o gerente do Pronaf de Limoeiro do Norte que fez as denúncias à Polícia Federal, no final do ano passado. No entanto, ele pediu para não se pronunciar sobre o assunto. O gerente de Negócios da agência Centro, de Fortaleza, Fred Elias de Sousa, foi quem o convenceu a contar sobre a corrupção no Interior do Estado.

Os nomes envolvidos nas fraudes de Limoeiro do Norte ainda não foram revelados pelo O POVO, porque o inquérito na PF está sob segredo de justiça.
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